A analista judiciária aposentada da Justiça Militar da União (JMU), Cirte Sotero da Silva Dupon, que completou 70 anos, leva consigo a história de ser a primeira servidora da Auditoria de Curitiba (PR), sede da 5ª Circunscrição Judiciária Militar.
Nascida em Curitiba-PR, filha de militar, foi ainda bebê para o, então, estado da Guanabara.
Aos 22 anos, após a morte precoce do pai, voltou para Curitiba em busca do apoio familiar. Precisando trabalhar, e seguindo indicação de um parente, foi à Auditoria Militar em busca de informações sobre concurso aberto naquele Órgão.
“Eu nem sabia o que era Auditoria Militar. Estava em busca de emprego. Morava sozinha com minha mãe e até para alugar um apartamento sofríamos discriminação, por sermos mulheres. O dono do apartamento, um italiano, achava que duas mulheres não teriam condições de pagar o aluguel. Somente fechou negócio após uma longuíssima entrevista”, conta dona Cirte.
Ao chegar no local, a primeira pergunta dos integrantes da Auditoria Militar foi indagar o que uma mulher estava fazendo no local. “Eu vim me inscrever no concurso que está aberto aqui. Já terminei o científico e sei datilografar bem. Faço 180 toques por minuto”, disse.
Cirte tomou posse na década de 70 e trabalhou como escrevente e secretária do juiz-auditor. “Após minha entrada, as mulheres dos servidores e do juiz começaram também a frequentar as confraternizações e passamos a recebê-los em nossas casas. Houve uma mudança de cultura naqueles meados de 1970”.
A servidora fez dois cursos universitários, Administração e Direito, e mais dois concursos internos, até ser nomeada analista judiciária.
Exerceu todos os cargos de chefia de uma Auditoria e foi, por muitos anos, Diretora de Secretaria. Foi uma vida de experiência junto à Justiça Militar. “Estudei, casei, tive meus filhos e netos. Conquistei muita coisa”.
Cirte Dupon adora falar dos amigos que fez ao longo de todos esses anos.
“Conheci muita gente e fiz muitas amizades, de longa data. Aureliano Melo Gonçalves, defensor; Bertino Ramos, promotor; Péricles Aurélio Lima de Queiroz, promotor e hoje ministro, muito meu amigo; Alceu Alves, promotor; Ivori Monteiro, que me ensinou tudo de Justiça Militar”.
Conversamos com Cirte sobre a sua carreira, os desafios que enfrentou. Assista ao vídeo abaixo: