Após a palestra do ministro João Otávio de Noronha, o Encontro Mundial de Escolas de Magistratura teve seguimento com uma plenária sobre a crise na justiça.

Três palestrantes foram convidados para expor suas idéias com o intuito de incentivar o debate.
O doutor em Direito, Ivo Gico, defendeu que existe um desequilíbrio no Poder Judiciário. “A crise do é um descasamento entre a oferta e a demanda. O número de casos que entram é muito maior que os que saem”, justificou. Para o palestrante, essa situação não foi ocasionada por falta de investimento. “O percentual do PIB no Brasil gasto com a Justiça é elevado, se comparado com outros países. Inúmeros tribunais aumentariam sua produtividade somente com melhora na gestão”, opinou.

Números comprovam que alguns órgãos demandam a justiça de forma excessiva e essas decisões, muitas vezes, são semelhantes entre si. “Na esfera federal, 35% das ações no Brasil são do INSS. A maior parte delas são sobre reversão de aposentadoria. No âmbito Estadual, são os bancos são os responsáveis pela maior parte dos processos”, informou.

O professor defendeu a ideia que uma massificação das decisões iria oportunizar um melhor acesso para todos. “Fazer um terno com um alfaiate sai muito mais caro do que comprar um em uma loja de departamento. O judiciário está fazendo ternos sob medida. O magistrado precisa servir ao público. Prestar um serviço mais rápido significa maior efetividade” concluiu.
O doutor em Direto, Bruno Salama destacou a proximidade que existem entre Direito e políticas públicas. “O Direito em um estado planejador é para fins abstratos. O direito em um estado progressista é voltado para fins concretos. Sob o olhar progressista, direito e política pública ficam com uma fronteira mais porosa”, justificou.

A adoção de pautas políticas estreitas pelo Legislativo, agravou ainda mais essa situação. “Praticamente não há um debate político que não acabe na Justiça. Somos treinados a pensar a partir da forma e não como formuladores de políticas públicas, isso reduz a segurança jurídica”, disse.
Com uma abordagem mais econômica, o conselheiro substituto do Tribunal de Contas de Pernambuco, Marcos Nóbrega, tratou da crise no Judiciário com foco nos contratos. “Os contratos incompletos são uma realidade. O problema é que o Direito ainda imagina um mundo simétrico, com racionalidade absoluta, com contrato completo, como foi há 200 anos”, destacou.

Outra instituição que apresenta falhas consideráveis, que acabam por demandar o Judiciário, é a licitação. “A modelagem atual não reserva suficiente informação sobre o licitante.” O palestrante destacou que quando uma empresa lança uma proposta, já sabe que não vai conseguir realizar o serviço por aquele preço. A administração não tem como checar isso antes do acordo ser assinado. “O que acontece é um problema clássico de assimetria de informações. A empresa vai pedir um reequilíbrio econômico-financeiro e a administração pública vai negar. O problema acaba chegando ao Judiciário”, explicou.

As empresas brasileiras não costumam assumir os riscos inerentes à atuação. “Em um contrato de longo prazo, os riscos já devem estar incluídos. Isso diminuiria a necessidade de se fazer um reequilíbrio. 63% dos contratos de concessão rodoviárias na America Latina, de 2008 para cá, foram parar da Justiça para reajustes nos primeiros dois anos”, justificou. O Encontro Mundial de Escolas de Magistratura será encerrado amanhã (8).

Fonte: ESMAPE

 

 

O Diretor de Comunicação Social do Senado falou das relações entre mídia e política.

A capacidade da imprensa de influenciar os poderes constituídos foi um dos assuntos debatidos nesta quinta-feira (23) no IX Encontro de Magistrados da Justiça Militar da União.

O expositor foi o jornalista Fernando Mesquita, diretor da Secretaria de Comunicação Social do Senado Federal. Jornalista há quase 60 anos, Fernando Mesquita disse conhecer a relação entre mídia e política dos dois lados: como jornalista e como homem público, já que exerceu cargos no Executivo.

O diretor acredita que a mídia tem o poder de definir a agenda de discussão da sociedade. “Há dois pesquisadores americanos que disseram que os meios de comunicação não dizem como pensar, mas sobre o que pensar”, afirmou.

Além disso, o jornalista disse que há sempre um interesse em jogo quando da publicação de alguma matéria. “Hoje, por exemplo, existem agências especializadas em criar a imagem de pessoas e, de repente, alguém que não era conhecido passa a ter sua vida contada nos jornais e revistas.

O contrário também existe: há agências que destroem a imagem de pessoas também, plantam fatos e destroem reputações. Essas questões passam pela liberdade de imprensa”.

Entretanto, a liberdade de imprensa é um bem que deve ser tutelado, mesmo com todos os erros que são cometidos. “Na época do império, Dom Pedro II falava: se a imprensa não for livre, como vou conhecer meus ministros?

Tivemos um exemplo claro que ilustra essa afirmação no início do governo Dilma, quando a imprensa denunciou fatos e a presidente demitiu vários ministros denunciados”, analisou.

Mesquita considera que os Poderes não são influenciados de forma decisiva pela mídia e que os dirigentes sabem filtrar o que é realmente importante do que não é.

Além disso, é possível identificar a origem dos interesses do que é publicado. “Temos um jornal de grande circulação que faz oposição ao governo e todos sabem que a linha editorial da publicação é voltada para os interesses econômicos, pois é financiado por banqueiros”, disse.

“Além disso, o cidadão não é bobo, ele sabe que há um jogo de poder e interesses muito forte”, completou. Cobertura preconceituosa O diretor considera que a cobertura dedicada pela mídia ao Senado Federal é preconceituosa.

Ele esclareceu a intenção da Câmara Alta em manter todo o aparato de comunicação de que hoje dispõe (TV, rádio, agência de notícias, portal na internet, mídias sociais, jornal e relações públicas): “A nossa preocupação em manter essas mídias é prestar um serviço ao cidadão. Não é para promover a vaidade pessoal, pois nossos critérios são a isenção e da imparcialidade.

A sociedade precisa saber realmente o que se está discutindo em benefício ou contra ela. Nós temos procurado criar condições para que o cidadão possa votar melhor, escolher seus representantes a partir do acompanhamento do trabalho de cada um”.
Ações

 

 

A Escola da Magistratura Regional Federal da 2ª Região, sediada na cidade do Rio de Janeiro, está promovendo Fóruns, com palestras e debates, sobre os mais variados temas.

Confira a lista de eventos programados para o mês de agosto:
Fórum "Liberdade de Expressão x Direitos da Personalidade" – 17 de agosto de 2012, das 14 às 18hs. Local: Auditório do TRF 2.
Fórum "Novas Dimensões do Princípio da Legalidade" – 24 de agosto de 2012, das 14 às 18hs. Local: Centro Cultural da Justiça Federal.
Fórum "Hidroelétrica de Belo Monte: Aspectos Jurídicos Ambientais Controvertidos" – 29 de agosto de 2012, das 14 às 18hs. Local: Auditório do TRF 2.
Para participar, o interessado deverá realizar um cadastro no site http://www.trf2.gov.br/emarf e efetuar a inscrição nos cursos de seu interesse.
A Escola informa que aqueles que não possuírem cadastro no site da EMARF não terão direito aos certificados, mesmo que assistam às palestras. Também será preciso que os interessados cadastrados e inscritos assinem as listas de presença de todos os turnos do evento para que façam jus aos certificados correspondentes.

 

 

Ministro do STJ falou sobre aproximação entre magistrado e sociedade

Para abrir as discussões do último dia do IX Encontro de Magistrados da JMU, o ministro do STJ Francisco Cesar Asfor Rocha falou sobre o cenário vivido após a Reforma do Judiciário. No início de sua fala, o magistrado elogiou a atuação do STM “em todos os momentos difíceis por que o Brasil passou”. O ministro falou um pouco mais sobre a importância da Justiça Militar da União em entrevista concedida logo após sua palestra, acompanhe no vídeo abaixo.

Como marco para a criação da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), ligada ao STJ, o ministro referiu a Emenda Constitucional nº 45, que também criou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O “Consenso de Washington” foi citado como pano de fundo para essa nova tendência, que está relacionada com um mundo globalizado e uma nova realidade jurídica.

De acordo com o palestrante, a criação de conselhos para o Judiciário visava atender inicialmente a uma demanda do mercado, que desejava um ambiente de segurança jurídica. “As empresas queriam ter previsibilidade quando tivessem que resolver suas contendas”, esclareceu.

Asfor Rocha falou sobre as dificuldades e desafios para a implantação de um conselho desse gênero no Brasil. Mas lembrou que as forças contrárias foram pouco a pouco sendo “minadas”. “Nos países da Europa, os conselhos foram uma avanço, pois lá o Judiciário passou a ter competências que não tinha antes e ampliaram sua autonomia”, declarou. No caso do Brasil ocorreu o inverso, afirmou o ministro, pois passou a haver um controle que antes não existia.

O ministro recordou que, durante esse processo, o Judiciário brasileiro teve de trazer à luz problemas como o nepotismo, os gastos excessivos e a postura “soberba” de magistrados. Por essa razão, as primeiras decisões do CNJ foram no sentido de acabar com privilégios e eliminar “faustos desnecessários”. Em seguida o Conselho concentrou-se no problema da gestão, na geração de dados estatísticos antes desconhecidos pelo próprio Judiciário e atualmente volta sua preocupação para a correição.

Escola de Magistrados

O magistrado, que é diretor-geral da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), relembrou que anteriormente já havia escolas de magistrados. Porém a proposta da Enfam é promover a capacitação ligada a temas como gestão, matérias administrativas e a relação do juiz com a imprensa. Além disso, o centro de capacitação oferece as diretrizes e mesmo o credenciamento para outras escolas.

Para Cesar Asfor, a Enfam nasceu das mesmas demandas que geraram o CNJ e comparou esse novo momento com a necessidade de o juiz “descer de sua torre de marfim” e se aproximar da sociedade.

O grande desafio para a magistratura hoje, segundo o ministro, é a desenvolver experiência na área da gestão. “Se não tiver capacidade de gestão, o juiz não vai dar conta de seu trabalho e a grande questão hoje é a da morosidade. O juiz precisa ter uma visão de contabilidade ou depois pode responder por improbidade administrativa.”

O ministro enfatizou que o juiz continua julgando “com base nos autos”, mas passou a ouvir “outras vozes” provenientes da sociedade. O exemplo citado para ilustrar essa nova realidade foi a transmissão das sessões do STF “ao vivo e sem cortes”. O palestrante afirmou que essa atitude diverge da prática das cortes norte-americanas, onde não é permitido o amplo acesso público às discussões.

 

 A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados da Justiça Militar da União (Enajum) tornou-se membro efetivo da International Organization for Judicial Training - Organização Internacional para Formação Judicial (IOJT).

A Organização foi criada em 2002 a fim de promover o estado de direito, apoiando o trabalho das instituições de ensino judiciais em todo o mundo. A sua missão é promover conferências internacionais, regionais e outros intercâmbios, que oferecem aos juízes e educadores judiciais oportunidades para discutir estratégias, estabelecer e desenvolver centros de formação, conceber currículos eficazes, desenvolver a capacidade do corpo docente e melhorar a metodologia de ensino.

A organização funciona sem fins lucrativos e conta com a participação dos 123 membros de 75 países. Na América do Sul, fazem parte da organização escolas da Argentina, Colômbia e Chile, além do Brasil.

Outras escolas brasileiras de formação judiciária que também fazem parte da Organização Internacional para Formação Judicial: Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat) e a Escola Paulista da Magistratura.

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